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...tudo invenções.
Vi o riso nervoso de quem diz não ter medo
a bruxa que enxota o medo com fumos e poções
o feiticeiro dos ritos e gritos;
as cerimónias
a desculpa
as palavras entrecortadas por esgares de vergonha pela mentira...
Na...o medo não vai em conversas, é fino de mais para essas rasteiras de humano, vive do corpo, alimenta-se de anseios, de predisposições para esta ou aquela conquista. Engana-se o herói quando alimenta o seu medo com outro: o de não ter glória. Fica com a roupa trocada, como um travesti, um louco embalado por quimeras de conquistas para outros quando o que lhe interessa é a vâ glória de vencer o seu medo, de se erguer acima do homem comum e espalhar pelo mundo ter franqueado a porta destinada aos Deuses: a da vergonha.
Vê ali, aquele a meter medo ao outro, e outro que tem medo de outro que lhe faz ter medo. Ouve o que ele diz:
"Tenho medo de outros, os outros entram no meu corpo e metem-me medo. Despertam-me, fazem-me sentir o medo que está dentro de mim. Ganham vantagens, pavoneiam a sua habilidade por corredores, com o tronco hirto e o queixo levantado, ostentando a glória do medo que me deixaram; das vozes que oiço e me retraem todo o meu ser. Das coisas desta vida de quem fico enredado pelo monstro que carrego dentro de mim. "
Anda corpo, anda para a frente. Não vês o que estou a perder por carregar contigo e comigo. Aquieta-te dentro de mim, deixa as tuas garras para os momentos de perigo, dos perigos verdadeiros que a vida encerra e de quem tenho de usar a prudência que me inspiras. Acerta o passo com as minhas coisas, vive na minha vida sem caíres nela como uma bomba incendiária, não inventes perigos que sabes não existirem. Modera a tua fome de mim, contém as tuas ânsias, deixa que as minhas se entreguem a coisas verdadeiras, despidas de ti, medo.
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